Síndrome do pânico não é mania de boiola
Este é um assunto que eu não gostaria de tornar público, pois
venho convivendo com ele, solitariamente, mas ao comentar com um colega de
profissão, não fui compreendido, e acabei sendo violentamente ofendido, quando
ele disse que “ isso é coisa de boiola, um profissional competente como você e
um homem de Deus, não tem o direito de dizer que sofre desse mal, isso chega a
ser ridículo”, afirmou.
Acontece que venho sofrendo de síndrome do pânico. Uma sensação
pavorosa, que não desejo a nenhum ser humano, pois ninguém imagina como é sentir
medo de dormir, entrar em elevador, sentar na cadeira do dentista, ter crises
de choro violentas, medo de ficar sozinho dentro de casa, não entrar em ônibus
lotado, viajar sob efeito de remédios e etc.
E esta tem sido minha vida nos últimos meses. Exatamente por
isso estou em constante tratamento com padres, médicos e psicólogo, porque além
de querer me livrar desta coisa que me incomoda sensivelmente, me senti muito
humilhado por este colega de profissão.
Ontem vendo uma reportagem num canal de televisão, fiquei mais
confortado, porque não sou o único. Fiquei confortado em saber que não sou um
boiola qualquer conforme fui taxado por um pessoa desalmada e sem coração.
A reportagem apresentada num canal fechado da Claro HD TV
mostrou grandes personalidades internacionais que passaram pelo mesmo problema,
como a atriz americana Amanda Seyfried; John Mayer; Lena Dunham; Oprah Winfrey;
Emma Stone; yuppi Goldber; Elle Goulging.
Comecei a ficar mais preocupado ainda, porque até então não
tinha visto nenhum brasileiro, mas antes do intervalo o apresentador, disse, “no
próximo bloco os brasileiros que sofrem de síndrome do pânico. E o primeiro a
ser entrevistado foi o cantor Belo, em seguida Padre Marcelo Rossi (que eu já
sabia, até os motivos que o levaram a contrair a doença), Padre Zezinho (o
primeiro padre católico a cantar no Brasil). E agora o Padre Fábio de Melo que
afirmou ter ficado sete meses trancado dentro de casa. No terceiro bloco,
apareceram então novos nomes: Scheyla Melo, Cássia Kiss, Selton Melo, Mauricio
Mattar, Luciana Vendramini, Zizi Possi.
Fiquei então aliviado, porque quando este meu colega disse, “ um
homem de Deus não pode ter isso”, percebi que a doença é a maior praga que
existe no mundo e segundo os psicólogos, psiquiatras, religiosos e
especialistas ouvidos é perigosa, silenciosa, não tem ainda explicação e pode
levar à depressão e óbito, se não cuidar.
Hoje, estou bem melhor, exatamente porque agi imediatamente
quando senti o primeiro sintoma. Numa manhã escutando o programa do Padre
Marcelo Rossi, na Rádio Globo, ele confessou seus sintomas, pediu orações e na
mesma semana no Programa do Jô (TV Globo), repetiu o que tinha acontecido.
O que é a Síndrome do Pânico
É um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises
inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que
não haja motivo algum para isso ou sinais de perigo iminente. Quem sofre do
Transtorno de Pânico sofre crises de medo agudo de modo recorrente e
inesperado.
Ataques de síndrome geralmente acontecem de repente e sem aviso
prévio, em qualquer período do dia e também em qualquer situação, como enquanto
a pessoa está dirigindo, fazendo compras no shopping, em meio a uma reunião de
trabalho ou até mesmo dormindo.
O pico das crises de pânico geralmente dura cerca de 10 a 20
minutos, mas pode variar dependendo da pessoa e da intensidade do ataque. Além
disso, alguns sintomas podem continuar por uma hora ou mais. É bom ficar
atento, pois muitas vezes um ataque de pânico pode ser confundido com um ataque
cardíaco.
As crises manifestam os seguintes sintomas:
Sensação de perigo iminente
Medo de perder o controle
Medo da morte ou de uma tragédia iminente
Sentimentos de indiferença
Sensação de estar fora da realidade
Dormência e formigamento nas mãos, nos pés ou no rosto
Palpitações, ritmo cardíaco acelerado e taquicardia
Sudorese
Tremores
Dificuldade para respirar, falta de ar e sufocamento
Hiperventilação
Calafrios
Ondas de calor
Náusea
Dores abdominais
Dores no peito e desconforto
Dor de cabeça
Tontura
Desmaio
Sensação de estar com a garganta fechando
Dificuldade para engolir
Uma complicação frequente é o medo do medo, ou seja, o medo ter
outro ataque de pânico. Esse medo pode ser tão grande que a pessoa, muitas
vezes, evitará ao máximo situações em que essas crises poderão ocorrer
novamente.
Os ataques de pânico alteram o comportamento em casa, na escola
ou no trabalho. As pessoas muitas vezes se preocupam com os efeitos de seus
ataques de pânico e podem, até mesmo, despertar problemas mais graves, como
alcoolismo, depressão e abuso de drogas.
Não há como prever as crises de pânico. Pelo menos nos estágios
iniciais do transtorno, parece não haver nada específico capaz de desencadear o
ataque. Mas há indícios de que lembrar-se de ataques de pânico anteriores
possam contribuir e levar a uma nova crise.
Conforme a linha de atuação do profissional que se dedica à cura
dos pacientes, ele vai propor um determinado tratamento. Muitos médicos
defendem o uso de remédios, ao menos, em um primeiro momento. Para eles, o
transtorno do pânico é causado pela falha na comunicação dos neurotransmissores,
responsáveis por enviar as informações ao cérebro, por isso, o uso de
medicamentos é necessário para restabelecer esse equilíbrio, que foi afetado.
Já outros profissionais garantem que é possível restaurar esse
equilíbrio apenas com a psicoterapia. De qualquer maneira o ideal é a busca por
um profissional da saúde para tratar o distúrbio, oração, relaxamento. Também
ocorre, algumas vezes, da família não oferecer o apoio necessário, que é
fundamental para o bom funcionamento do tratamento individual.
Há pacientes que adiam o tratamento e procuram um pronto
socorro, onde não há especialistas nessa matéria. E os profissionais da saúde
mental são os responsáveis por acompanhar os pacientes no tratamento, sendo
eles os psicólogos, psiquiatras, conselheiros de saúde mental e assistentes
sociais. No entanto, o único que pode prescrever medicamentos é o psiquiatra.
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