O carnaval não tem ais criatividade e emoção
Em Nova Friburgo, dispensa comentários. Mas o carnaval carioca
perdeu a graça, não temais criatividades, os enredos hoje são vendidos para
quem tem poder. Foi-se o tempo que os enredos tinham glamour, eram críticos, satirizavam a politica
brasileira, os erros de administrações, personagens de televisão.
Que saudade de “Eu Prometo” da Caprichosos de Pilares de 1987. O
Brasil vivia os debates da Constituinte e a escola queria cobrar que os
parlamentares cumprissem o que prometeram nas eleições do ano anterior.
Ajoelhou, tem que rezar/ Não quero mais viver de ilusão/ Você prometeu, agora
vai ter que pagar/ Não vai me deixar na mão.
“ Uma Andorinha Só Não Faz Verão”. São Clemente 1994. Ainda sob
os efeitos do impeachment de Fernando Collor, uma das escolas mais críticas do
carnaval carioca, pregou a união do povo para lutar pelos direitos. Sai Pra Lá
Bicho Malandro que eu sou cara-pintada; Fomos à luta e ganhamos a parada. O
enredo valeu o vice-campeonato do Grupo de Acesso.
“ O Povo conta a
sua história: Saco Vazio Não Para Em Pé. Beija-Flor 2003. : No ano em que Lula
assumiu a presidência, a escola de Nilópolis apresentou uma ode aos excluídos
em sua luta pela sobrevivência e levou uma estátua do presidente. A vitória da
azul e branco não foi bem digerida pela Mangueira, favorita do ano.
“Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”. Beija Flor 1989. Quando
a Igreja católica interferiu e proibiu que a escola de samba apresentasse um Cristo
Redentor e citou mendigos, desocupados, pivetes, meretrizes, loucos, profetas,
esfomeados, povo de rua e muitos outros segmentos da sociedade. O problema todo
foi o Cristo mendigo eu resultou até em processo para a agremiação azul e
branca.
As escolas de samba incorporaram enredos politizados, satíricos
ou críticos a partir dos anos 1960, quando o Salgueiro passou a abordar
personagens da história que não estavam nos livros. Negros, na maioria. Só
então nomes como Xica da Silva e Zumbi dos Palmares viraram samba.
A ditadura vigiou e cooptou as escolas para que pegassem leve.
Mas quando os militares estavam saindo de campo, as atrevidas Caprichosos de
Pilares, com o carnavalesco Luiz Fernando Reis; a São Clemente com Carlinhos D´Andrade e
Roberto Costa; e a Beija Flor com Joaozinho
Trinta, puseram as críticas de vez na Sapucaí.
E tivemos muitos outros enredos criativos e que agradaram o povo
como: A visita da nobreza do riso a Chico Rei num palco nem sempre iluminado, Caprichosos
1984; Morfeu no Carnaval, a Utopia Brasileira, Portela 1986; Boi Voador sobre
Recife, Cordel da Galhofa Nacional, São Clemente 2004; O Quinto dos Infernos, Unidos
de Padre Miguel.
Hoje, é diferente. Muito lixo, riqueza, ostentação, mas pouco
samba no pé; letras e músicas chatas; milhares de sambistas que na maioria das
vezes não sabem nem cantar o samba; show artístico para a televisão enriquecer;
espetáculo para estrangeiros de grande poder aquisitivo.
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