D. Paulo hoje é uma ausência muito sentida nos dias de hoje
Um verdadeiro cristão que esteve na linha de frente contra a ditadura militar no Brasil. Assim era D. Paulo Evaristo Arns, Cardeal Arcebispo de São Paulo, que neste 14 de setembro, completaria 100 anos de vida.
O prelado dirigiu a Arquidiocese de São Paulo entre 22 de outubro de 1969 a 09 de abril de 1998. Foram 28 anos de trabalho que o transformou na figura chave na redemocratização do país, quando organizou os serviços sociais até hoje prestados pela Igreja na maior cidade brasileira. Um ser humano que tive a honra e o prazer de conviver de 1969 a 1976, como cerimoniario.
Ele dirigiu a Arquidiocese de São Paulo, e mesmo depois de se tornar emérito, era adorado pelo povo brasileiro.
Todos que conviveram com ele, tem alguma história para contar, um momento alegre, uma lembrança feliz com o franciscano que se tornou personalidade importante não só nas funções religiosas, mas na vida social, cultural, educativa, de saúde e principalmente política do país.
Um dos momentos que me recordo foi a histórica celebração ecumênica realizada na Praça da Sé em 31 de outubro de 1975, em memória da morte do jornalista Vladimir Herzog, nos porões da ditadura, ele ditou um texto alusivo ao momento, que hoje é considerado um dos mais importantes atos contra o regime militar que comandou o Brasil.
Os feitos de D. Paulo foram inúmeros em todos os setores, mas destaco aqui a Celebração da Esperança em 1973, em memória de Alexandre Vannucchi Leme, estudante universitário morto pela ditadura; o dossiê sobre os casos de 22 desaparecidos, apresentado ao General Golbery do Couto e Silva em 1974; o histórico culto ecumênico em honra de Vladimir Herzog em 1975; o Movimento contra o Custo de Vida, que protestava contra a carestia em 1978; o Projeto Brasil Nunca Mais, coordenado com o pastor Jaime Wright, de forma clandestina, entre 1979 e 1985, que resultou na cópia de mais de um milhão de páginas de processos do Superior Tribunal Militar (STM); sua atuação contra a invasão da PUC comandada pelo então Secretário de Estado de Segurança, Coronel Erasmo Dias; a entrega ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, de uma lista com os nomes de desaparecidos políticos.
Foi D. Paulo que criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo; incentivou a Pastoral da Moradia, Pastoral Operária, Pastoral da Infância, com o apoio da irmã Zilda Arns, que morreu no terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários.
Nosso aniversariante de hoje, não foi só um frade franciscano ou um bispo nomeado pelo Papa, mas acima de tudo, o Cristo vivo e encarnado, presente no meio de nós. D. Paulo era a imagem da alegria de viver

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