Depressão a doença do mundo atual

A depressão já atinge praticamente 10% da população mundial e a projeção aponta um triste crescimento. Um levantamento realizado pela Universidade Harvard em 18 localidades mostra que a prevalência da doença no Brasil é a maior entre as nações em desenvolvimento, com um total de 10,4% de indivíduos atingidos.

E a taxa de mortes relacionada a episódios depressivos (incluindo suicídios) aumentou 705% somente no Brasil, nos últimos 16 anos, segundo pesquisa realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo. O problema é tão expressivo que há até um teste capaz de indicar a depressão. Ele não dispensa a avaliação médica, mas pode servir para levantar suspeitas.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 23 de fevereiro de 2017, 5,8% da população brasileira sofria de depressão, o que representava 11,5 milhões de brasileiros com a doença em números absolutos. O Brasil é o país com maior índice do continente americano, ficando um pouco atrás dos Estados Unidos, que tinha 5,9% de depressivos.

Sobre a ansiedade, o Brasil é o recordista mundial. 9,3% da população sofre com o problema, ainda segundo o mesmo relatório da OMS. Isso representa 18,6 milhões de pessoas em números absolutos. Muitas pessoas têm tanto ansiedade quanto depressão. De acordo com a Interfarma, em 2017 o faturamento com a venda de ansiolíticos foi de 342 milhões de reais, enquanto em 2018  376 milhões. O crescimento foi de 10% em apenas um ano.

Várias causas foram apontadas para explicar o grande número de casos de ansiedade, entre eles a crise econômica iniciada em 2014 e com lastros atualmente ainda mais altos.

O Brasil é conhecido no exterior como o país da alegria e da cordialidade, mas a realidade se mostra bem diferente. O relatório da OMS não apresenta as causas em detalhes, e especialistas buscam hipóteses para explicar o fenômeno. Para o professor

Além dos Estados Unidos, os países que têm prevalência de depressão maior do que o Brasil são Austrália (5,9%), Estônia (5,9%) e Ucrânia (6,3%).

Quais os sintomas da depressão?
Eles são vários e se manifestam gradativamente e de várias formas: sonolência, falta de apetite, tristeza, desânimo, até chegar o pior deles, o suicídio.  Em 2018, a depressão causou  788 mil mortes por suicídio, representando quase 1,5% de todas as mortes no mundo, figurando entre as 20 maiores causas de morte. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a segunda maior causa de morte em 2017, números maiores em 2018 e que crescem em 2019.

Há pessoas que dizem que depressão é doença de ricos, gente sem Deus, mas não é verdade, vários religiosos estão ou já tiveram depressão e podemos citar: Padre Marcelo Rossi, Padre Fábio de Mello, Padre Joãozinho, Padre Rosalino Santos (São Bartolomeu, em Corumbá (MS), Padre José Chitumba (Fazenda Santa Rosa, em Garanhuns (PE), Padre Edson Barbosa (Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Andradina (SP). Mas desses todos, o pior caso foi o Padre Renildo Andrade Maia (Paróquia de Jesus Operário, Contagem/MG) que acabou se matando.

                 O Padre Renildo Andrade Maia se matou por causa da depressão

 A  PSICOLOGIA É A SOLUÇÃO?
Já o psicólogo Guilherme Fontoura, da Clinica Fontoura de Psicanálise do Rio de Janeiro afirma, “ Não a psicologia somente não é a solução, a depressão necessita sim de acompanhamento especializado e pautados na escuta ativa a cada situação específica, de forma adequada e ética, com  serviços de psicoterapias, pautado sob o olhar analítico. Este acompanhamento deve ser também terapêutico de qualidade e com responsabilidade, com atendimentos de psicoterapias para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Tenho com vários quadros de depressão: angústia, ansiedade, psicose, luto, traumas, stress, transtornos de comportamento, sexualidade e dependência química. Evidente que na primeira consulta tentamos extrair do paciente o motivo que o levou a ter a doença, pois ao longo do contato, vamos nos aprofundando no problema, para chegar a um diagnóstico, mas não é assim tão simples. A depressão se manifesta nas variadas formas como já explicitamos”, destaca

PERSONALIDADES TAMBÉM SÃO AFETADAS
O yotuber Whinderson recentemente se declarou depressivo

Por mais famosas que sejam, algumas personalidades sofreram ou sofrem com a depressão e os motivos são inúmeros: fim da popularidade, agenda muito lotada, compromissos exagerados, falt de tempo de lazer, e nesse sentido podemos citar: Whindersson Nunes Twitter (youtuber), Paula Fernandes (cantora), Selton Mello (ator), Jorge Pontual (jornalista), Heloisa Perissé (atriz) Adriana Esteves (atriz), Nubia Oliver (modelo), Fani Pacheco (ex BBB e modelo). No campo internacional temos: Adele (cantora), Jim Carrey (ator comediante) , Demi Lovato (cantora), Owen Wilson (ator), Gwyneth Paltrow (atriz)

NO ESPORTE A DEPRESSÃO TAMBÉM É
Mas se pensamos que somente artistas e religiosos sofrem dessa doença, estamos enganados, porque o esporte também faz depressivos e principalmente o futebol. Os casos mais conhecidos são: Nilmar (Santos), Pedrinho (Vasco, Palmeiras, seleção brasileira), Ronaldo Fenômeno (antes da Copa do Mundo de 2002), Cicinho (São Paulo), Thiago Ribeiro (primeira passagem pelo Santos), Cristiane Rozeira (maior artilheira feminina no futebol olímpico), Diego Hypolito (ginástica),  Rafaela Silva – (medalha de ouro na Rio 2016), Poliana Okymoto (natação), Michael Phelps (natação), Allison Smith (natação), Allison Schmitt – natação (1 medalha de ouro e 1 prata na Rio 2016), English Gardner –velocista (uma medalha de ouro na Rio 2016).



Ídolo da natação, Diego Hypolito, passou pelo problema logo após a olimpíada 









O PASTOR LUTERANO FALA
O Pastor Gerson Acker (Igreja Luterana de Nova Friburgo), diz, “ A primeira e mais importante afirmação: Depressão não é falta de Deus! Ouço muitas vezes pessoas, dentre as quais muitas que frequentam assiduamente igrejas, afirmando tal idiotice. O fato de uma pessoa estar em comunhão ou não com Deus não é castigo ou motivo para ter depressão.  A depressão é uma doença, uma enfermidade tão antiga quanto a própria humanidade, mas dados os contornos da sociedade atual, ela tem se tornado cada vez mais presente na vida das pessoas.
Todas as pessoas buscam a felicidade. Qualquer coisa que você faça ou deixe de fazer é por acreditar que assim você vai ser feliz. Existem muitas definições para “felicidade”. Sabemos que palavra “felicidade” move a indústria da moda, da beleza e do comércio. Boas campanhas publicitárias não vendem meramente produtos, mas atacam o público alvo com a promessa de que mediante determinado produto alcançarão a felicidade. Além disso, surgem cada vez mais best-sellers de autoajuda que prometem levar a pessoa à verdadeira felicidade desde que siga determinada metodologia proposta. O desafio da Igreja (seja ela luterana, católica, etc) é questionar esse padrão de felicidade imposta pela sociedade à luz do que a Sagrada Escritura. O que vamos perceber é que a “felicidade” proposta pelo mundo nos leva antes ao desespero e à depressão. A Igreja precisa ser um espaço terapêutico para as pessoas desabafarem, para não sentirem-se sozinhas, um espaço que fortaleça espiritualmente as pessoas para enfrentar as agruras do dia a dia.
A Bíblia não fala explicitamente sobre “depressão”, mas nos testemunha que a vida de muitos personagens bíblicos foi cheia de dor e sofrimento. Por exemplo, Jó que perdeu tudo: família, bens e saúde; porém teve resiliência através da fé para superar tudo isso. Jó persistiu por causa da sua fé em Deus, reclamando, desabafando com seus amigos.
Existem hábitos que por menor que sejam, são fundamentais para a saúde, como por exemplo, escovar os dentes. De igual forma, para mantermos nossa saúde espiritual, a oração é fundamental. Segundo uma pesquisa da equipe de profissionais da News Max Health, orar todos os dias durante um mesmo período pode ajudar a prevenir doenças como a perda de memória, a demência e o Mal de Alzheimer. Além destes benefícios, destacou-se que a oração pode diminuir a dor, diminuir o risco de morte por ataque cardíaco, o derrame cerebral, a ansiedade e a depressão. Isso não significa que devamos deixar de procurar ajuda e tratamento médico! Como afirmei, depressão é uma enfermidade e precisa ser tratada como tal por profissionais adequados. O que precisamos nos dar conta é que o nosso corpo é um grande Sistema Holístico, onde tudo está entrelaçado. Portanto, orar pode ser um grande auxílio diante de qualquer tratamento, até mesmo da depressão”
O Pastor Gerson Acker, diz que a depressão é ma doença muito antiga como a humanidade 













A RELAÇÃO DA DEPRESSÃO E A FÉ.
O PADRE Luiz Martina Ribeiro, especialista em psicopedagogia clinica e institucional, especialista em psicologia humanista comportamental e licenciado em Filosofia pela PUC (GO) e bacharel em Teologia pela IFITEG. Ele diz, “ a depressão é a doença do momento atual, ela se desenvolve no cérebro em virtude do desequilíbrio bioquímico dos neurônios, responsáveis pelo controle do humor. A depressão também pode ser causada por experiências traumáticas durante a infância ou adolescência. As características da depressão são a perda dos estímulos para as atividades: diminuição no processo de concentração, sono excessivo, mau humor, baixa autoestima, ansiedade, insegurança e desconforto. O tratamento é feito via medicamentosa para restabelecer o equilíbrio bioquímico do cérebro, acompanhamento psicológico TCC  -Terapia Cognitiva Comportamental. Através do TCC a pessoa elimina hábitos errados de organização do pensamento e potencialização das energias positivas. A pessoa que professa um credo, que tem uma fé,  o processo de recuperação e mais rápido. A experiência de fé é fundamental. Por natureza ontológica o ser humano tem necessidade do sagrado. Necessidade de tocar e ser tocado pelo sagrado. Logo a fé, faz com que a pessoa em depressão transcenda do estado depressivo, deprimente, para um estado de esperança. O organismo vai reagir, vai impulsionar as energias positivas, vai chegar ao equilíbrio dos neurônios do humor. Assim a pessoa sente motivada e se coloca em movimento. Ela vai ao grupo de oração, a igreja, as atividades pastorais, etc. O restabelecimento é mais rápido do que uma pessoa atéia. Ter fé, uma crença, é fundamental, para ajudar a combater a depressão.






Padre Luiz Martins Ribeiro, Vigário Paroquuial da Paróquia Nossa Senhora das Dores em Janaúba,(MG) diz que a fé é importantíssima para cura 














COMO REAGE QUEM VIVE COMA DOENÇA
Colhemos o depoimento de duas pessoas que por questões éticas e pessoais pedem para não serem identificadas, então vamos colocar os depoimentos com nomes fictícios, porém ambas da cidade de Nova Friburgo. A primeira é Vânia Catarina (nome fictício), moradora do Olaria. Ela hoje vive um quadro depressivo bastante acelerado, por não se aceitar e pela discriminação que sofreu no seio de sua própria família. Com 38 anos, ela vive um dilema, está em tratamento médico e psicológico. “ Eu sou homossexual, resolvi me assumir aos 25 anos, passei um longo período procurando alguém, pois a solidão era minha única companhia. Quando minha família tomou conhecimento, não me aceitou, meu pai me deu 30 dias para sair de casa. Como eu trabalhava numa empresa multinacional e tinha um bom salário, consegui um apartamento no centro da cidade e fui morar sozinha. Mas a vida perdeu o sentido. Então arrumei dois gatos, mas também não me satisfez. Comecei a perder o sono, passava as noites no facebook e watshap, me tornei uma dependente da rede social. De repente me vi chorando sozinha dentro de casa. Procurei um padre, pediram para deixar o número do meu telefone para agendar. Seis meses se passaram e esse telefonema nunca chegou. Resolvi procurar um Centro Espírita e a entidade que me atendeu disse que eu era médium e precisava desenvolver. Mas não era minha intenção. E o problema aumentou, porque passei a ter angustias, medo de tudo, crises de choradeira, desespero. Eu não consegui mais tomar banho, não tinha coragem de sair na rua, pedi licença no emprego, eu tinha medo de ir a festas, eventos, etc,. Até que conheci uma professora de inglês de Macuco que disse para eu procurar um médico, pois o meu caso aparentava ser depressão. De início não dei muita importância, mas uma semana depois marquei consulta com um clínico geral. Ele me receitou rivotril  pela manhã e no final da tarde e  diazepan para dormir. No que isso resultou. Eu hoje não durmo sem o comprido e não consigo cumprir as 8 horas de sono que a medicina aconselha. Estou em tratamento psicológico e médico, mas estou também sendo acompanhada por, porque a minha igreja, católica, não conseguiu me atender. Essa situação já prossegue a um ano e meio, mas hoje já consigo pelo menos sair a rua, ir a festas e parece que estou me recuperando.

Também conversamos com o analista de sistemas Julio Cesar, 44 anos, morador no Leme (RJ), que depois da perda do emprego passou por várias situações difíceis, que ele relata agora, “ Foi difícil. Eu estava há 15 anos na empresa, ocupava cargo de confiança, tinha responsabilidade da coordenação de mais 6 pessoas. Fui obrigado e demitir um colega por questões profissionais, ele não estava correspondendo. Esse funcionário era sobrinho de um deputado estadual. No momento da demissão, meus superiores me deram razão. Uma semana depois eu fui chamado na sala da gerência e fui comunicado que o rapaz que eu havia demitido, estava sendo reintegrado porque o tio dele é deputado e a empresa não podia se indispor com políticos, exatamente porque haviam patrocinadores envolvidos. Fiquei chocado e retornei para meu trabalho. Tive que engolir a seco. Evidente que descontente, mas aceitei, pois afinal tenho família e precisava do emprego. Mas a surprese chegou 10 dias depois. Eu fui novamente chamado à gerencia e fui comunicado que estava sendo demitido, porque o deputado, tio do funcionário solicitou minha demissão e meu gerente disse e o seguinte, “ não temos nada contra você, tu és um funcionário exemplar, mas o deputado ameaçou tirar o patrocínio, se você continuar na empresa”. Arrumei minhas coisas, fui para casa, triste, aborrecido, com muita raiva e minha vontade naquele momento era socar a cara da pessoa. Mas, um ano passou e eu não consegui outro emprego à altura, fui forçado a fazer bicos, arranjar fórmulas extras para manter a família. Essa situação toda começou a me afetar internamente. Comecei a perder o sono e o apetite. Sofri alteração de pressão (baixa e alta), fui três vezes para hospital. De repente me vi numa crise profunda de indiferença, tristeza, dores no corpo, sensação de morte, medo. Imediatamente conversei com minha esposa e ala me aconselhou a procurar médico. Assim o fiz e o profissional me receitou remédios para dormir e procurar um psiquiatra. Fiquei assustado, pensei que estivesse com algum problema de cabeça. Mas ele disse, “ você está entrando num quadro depressivo”. E foi oque aconteceu. Hoje visito semanalmente um psicólogo, me trato medicinalmente e entrei para uma igreja, para ocupar minha cabeça. Recuperei meu emprego numa outra organização, mas não sou mais o mesmo, cada vez que lembro do ocorrido sinto muita angustia”, finaliza Julio

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